Temperaturas vão subir ainda mais em Mossoró, afirma meteorologista

27/11/2018

"Vamos passar pela época mais quente do ano", destaca José Espínola citando a chegada do verão, no mês de dezembro

Foto: Marcos Garcia/De Fato
Foto: Marcos Garcia/De Fato

Maricelio Almeida/Jornal De Fato

Nos últimos dias, os mossoroenses têm sentido na pele os efeitos do aumento da temperatura. E as notícias não são animadoras: a previsão é de que os termômetros subam ainda mais até dezembro, quando será iniciada a estação mais quente do ano, o verão. É o que explica o meteorologista da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA) professor José Espínola.

"Nós estamos passando agora pela estação da primavera, que começou em 23 de setembro e vai até 21 de dezembro, depois começa o verão. Nesse período, os raios solares estão incidindo mais perpendicularmente aqui na nossa região. A tendência é de as temperaturas aumentarem até dezembro. Vamos passar pela época mais quente do ano", destaca Espínola.

O meteorologista reforça que todos os anos, neste período, surgem as mesmas reclamações quanto ao excesso de calor. "Todo ano acontece isso, só que as pessoas se esquecem. Quando chega este período de novembro, dezembro, normalmente surge essa mesma reclamação, que está mais quente", enfatiza.

Além do sol estar mais perpendicular neste período, outro fator tem contribuído para ampliar a sensação de calor entre os mossoroenses: o aumento da umidade relativa do ar. "Temos tido dias nublados, o que significa que a umidade relativa do ar está mais alta, e aí a sensação térmica é maior. Estamos chegando a 30%, 35% de umidade nessa época, pela manhã ultrapassando os 80%", destaca Espínola, revelando que no dia mais quente do ano a umidade chegou a 18%, muito próximo do que é registrado em desertos.

"Cada grama de vapor em suspensão na atmosfera armazena consigo cerca de 590 calorias de energia, essa energia fica em torno das pessoas, do ambiente, fazendo que o organismo sinta uma temperatura maior do que a que está sendo registrada nos termômetros", complementa o meteorologista sobre o porquê da umidade mais alta influenciar diretamente a sensação térmica.

Termômetros passam dos 40 °C no Centro da cidade

Se no período mais frio do ano (entre junho e agosto) os termômetros não passam dos 33°, com mínimas alcançando 17°, 18°, agora eles ultrapassam os 40° em áreas como o Centro da cidade, durante à tarde, chegando a 26° no início da manhã. "Temos registrado aqui na Estação Meteorológica da Ufersa, entre 14h e 15h, valores em torno de 36°, 37°, se a gente transportar isso para o Centro da cidade, que tem muito asfalto, muitos prédios, o que dificulta a ventilação, temos um aumento de 3 a 4° a mais na temperatura", pontua José Espínola.

Com a chegada da quadra invernosa, em fevereiro, o clima será amenizado. Mas é possível, segundo Espínola, que chuvas sejam registradas até o fim ano na região. "É bem verdade que daqui até dezembro possam aparecer algumas chuvas. Tivemos nesse final de semana registros de chuvas em algumas localidades no Rio Grande do Norte, que são causadas por frentes frias que vêm do Sul do Brasil e conseguem adentrar no Nordeste, em função da zona de convergência intertropical, mas isso não caracteriza o início do período chuvoso", afirmou o meteorologista.

Em Mossoró, o período chuvoso compreende os meses de fevereiro a maio, com concentração de chuvas entre março e abril. "Nós temos ainda praticamente três meses para chegar à quadra invernosa, estamos no chamado período de pré-estação, em que o sistema atmosférico oceânico está se ajustando ao período chuvoso do próximo ano", relatou Espínola.

Para 2019, as primeiras previsões devem ser apresentadas somente em janeiro, na segunda de uma série de reuniões com meteorologistas do Nordeste. "Nós vamos ter a primeira reunião em Campina Grande, Paraíba, e outra em janeiro, na capital do Ceará, Fortaleza, onde será traçada a previsão para o período chuvoso de 2019. No momento, alguns órgãos que fazem pesquisa estão divulgando chuvas abaixo da média para a nossa região", concluiu José Espínola.

Umidade do ar requer atenção

Mesmo que esteja mais elevada no momento, a umidade relativa do ar ainda é motivo de preocupação. Com média de 30%, o estado é de atenção, uma vez que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é, no mínimo, 60%.

A recomendação, nesses casos, é evitar exercícios físicos ao ar livre das 10h às 14h; umidificar o ambiente através de vaporizadores, toalhas molhadas e recipientes com água, por exemplo; consumir água à vontade e, sempre que possível, permanecer em locais protegidos do sol. No caso de crianças e idosos, os cuidados precisam ser redobrados.

Com a baixa umidade do ar, podem surgir complicações alérgicas e respiratórias devido ao ressecamento de mucosas, sangramento pelo nariz, ressecamento da pele; irritação dos olhos, entre outros problemas.