Temperaturas estão ainda mais elevadas na “Terra do Sol”

28/08/2018

Proximidade do Equinócio da Primavera faz que o sol esteja cada vez mais perpendicular sobre Mossoró; termômetros podem alcançar 42º 

Foto: Maricelio Almeida
Foto: Maricelio Almeida

Maricelio Almeida/Jornal De Fato

Já imaginou o sol, literalmente, sobre a sua cabeça? Respeitada a distância de aproximadamente 149.600.000 km, é isso que está prestes a acontecer em Mossoró. A partir do dia 23 de setembro, com o Equinócio da Primavera, o astro-rei estará perpendicular sobre o Hemisfério Sul, fazendo que as temperaturas atinjam, na "Terra do Sol", 38° na sombra. No Centro da cidade, os termômetros podem alcançar 42°.

Com a proximidade do Equinócio, as temperaturas começam a subir e os mossoroenses já sentem isso na pele. "Quando saio de casa para o trabalho, por volta das 7h, já percebo que está mais quente; é impressionante", destaca a projetista de móveis Joelma Moura. "O ventilador é ligado o tempo todo, todo o tempo, só assim para suportarmos esse calor absurdo", complementa a aposentada Cleonice Sousa.

O professor e meteorologista José Espínola explica melhor o fenômeno que tem deixado os mossoroenses impacientes e ainda mais bronzeados do que de costume. "O que queima mais na sua mão? Uma lanterna acesa em pé ou inclinada? Em pé. Então, o sol, leigamente falando, está ficando em pé aqui. Após 23 de setembro, vai chegar o dia em que um poste, ao meio-dia, não terá sombra de nenhum lado", adianta o especialista.

Espínola destaca ainda que, como o período chuvoso aqui da região já acabou, e há poucas nuvens no céu, a quantidade de energia que chega à superfície é maior, aumentando, consequentemente, as temperaturas. "Nos equinócios, quando não estamos mais em época de chuva, sentimos na pele esse calor, o sol vai ficando mais perpendicular e a tendência é que a quantidade de energia que chega aqui embaixo seja maior", enfatiza o meteorologista.

Hoje, os termômetros já atingem a marca dos 40°C em áreas mais centrais e menos arborizadas de Mossoró. "Devido ao asfalto, falta de ventilação, de sombreamento, as temperaturas no Centro da cidade são em média três, quatro graus maiores do que aqui na estação meteorológica da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), por exemplo", relata José Espínola.

E o que explica, de maneira geral, o calor excessivo que irrita até mesmo os filhos da terra, acostumados desde cedo com temperaturas tão elevadas? A localização de Mossoró, bem próxima da região mais quente do planeta: a linha do equador. "Estamos quase em cima do equador terrestre. A região mais quente do planeta é a localizada em cima da linha do equador, que está a 0° de latitude, nós estamos a 5°, quase em cima da linha, então a quantidade de radiação que chega aqui é maior, e consequentemente as temperaturas também", pontua José Espínola.

Uma das saídas para amenizar a "quentura" é o sombreamento das superfícies, por meio de um processo de arborização. "Isso diminuiria a quantidade de radiação que chega ao solo. A temperatura do ar depende da quantidade de radiação solar que a superfície absorve e joga esse calor para a atmosfera. Outra alternativa, que já vem sendo adotada em alguns países, é a utilização de asfalto na cor cinza, porque quanto mais se renova o asfalto preto, maior a quantidade de energia absorvida e de calor jogado para o ar", finaliza o meteorologista.


Umidade do ar em baixa requer atenção

Com as temperaturas em alta, a umidade relativa do ar vem caindo e está abaixo dos 25% em Mossoró (estado de atenção), quando o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é, no mínimo, 60%. A previsão é que nos meses de setembro e outubro, a umidade baixe ainda mais, se aproximando dos 15%, muito próximo do que é registrado no deserto.

A recomendação, nesses casos, é evitar exercícios físicos ao ar livre das 10h às 14h; umidificar o ambiente através de vaporizadores, toalhas molhadas e recipientes com água, por exemplo; consumir água à vontade e, sempre que possível, permanecer em locais protegidos do sol. No caso de crianças e idosos, os cuidados precisam ser redobrados.

Com a baixa umidade do ar, podem surgir complicações alérgicas e respiratórias devido ao ressecamento de mucosas, sangramento pelo nariz, ressecamento da pele; irritação dos olhos, entre outros problemas.