Startup criada por professora da Ufersa é destaque em centro de bionegócios

16/10/2018

"Meltech" produz bebidas em Mossoró a partir de base biotecnológica; ideia foi implantada pela docente Fernanda Matias

Foto: Mariano Branco/Agência Brasil
Foto: Mariano Branco/Agência Brasil

Maricelio Almeida/Jornal De Fato

A professora Fernanda Matias, do curso de Biotecnologia do campus da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA) em Mossoró, tem motivos de sobra para celebrar: a startup Meltech, idealizada pela docente, foi uma das 16 empresas selecionadas no Brasil, sendo a única representante do Norte/Nordeste para o programa de aceleração de startups do BiotechTown, primeiro centro privado do país dedicado para o desenvolvimento de empresas, produtos e negócios nas áreas de Biotecnologia e Ciências da Vida.

O evento teve início ontem (15) em Nova Lima (MG), e segue até o fim do mês. Fernanda Matias conversou, por telefone, com a reportagem do JORNAL DE FATO e destacou a importância do programa de aceleração para a sua startup. "Estamos estabelecendo networks, nos colocando em contato com clientes, fornecedores, abrindo caminho para futuros investimentos. Eu vejo isso como uma das coisas mais importantes que aconteceram para nós, e é importante não só para a gente, mas para a cidade, para a Ufersa", afirmou.

A Meltech produz hidromel (uma espécie de vinho fermentado do mel) e kombucha, um probiótico (produto com microrganismos vivos) que, além do sabor, traz benefícios à saúde. "É um refrigerante natural", diz Fernanda, cuja ideia para criar a empresa veio da situação da região local.

"A região é muito rica em alguns produtos e um deles é o próprio mel. Mas, há alguns anos, caiu muito a produção por falta de chuvas. As abelhas começaram a morrer e as famílias começaram a ficar sem dinheiro. Como faltam políticas públicas na região, o pessoal não sabia fazer o manejo [para continuar extraindo mel]. Pensei em começar a trabalhar com um produto de valor agregado, para essas famílias voltar a produzir", explica a bióloga, que tem doutorado em biotecnologia.

Fernanda Matias diz, também, que houve a iniciativa de uma outra professora da Ufersa, Kátia Gramacho, que passou a oferecer cursos aos produtores. "A gente acabou se juntando. Ela soube de mim e eu soube dela", conta a docente, que tem como sócio o ex-aluno da Ufersa Elias Silva Gallina e como colaboradores Kewen Santiago e Bruno Alves.

A Meltech prepara-se agora para a inserção concomitante dos seus produtos no mercado nacional e internacional. De acordo com a professora, a empresa, cuja sede está sendo montada no bairro Santa Delmira (zona oeste de Mossoró), já nasceu de olho na possibilidade de exportação. A bióloga acredita que as bebidas farão sucesso no exterior.

Recentemente, Fernanda Matias participou da LAC Flavors, feira de bebidas e alimentos promovida pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no Chile. Após esse evento, a empresa está em negociação com quatro países: Argentina, República Tcheca, Costa Rica e Reino Unido. "Nossos produtos têm características únicas. A vida útil do nosso kombucha é 12 meses, enquanto do comum são três. Patenteamos a fórmula. Falta patentear a do hidromel. Vamos começar tudo junto, mercado interno e externo", conclui, acrescentando que a comercialização deve começar em três semanas.

BIOTECHTOWN

O BiotechTown é um centro que tem como objetivo apoiar o desenvolvimento do produto, registro, produção inicial até a inserção das soluções nos mercados nacional e internacional, bem como ser porta de entrada às empresas internacionais para o mercado latino-americano. É fruto de uma parceria entre a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (FUNDEP), a agência de inovação Fundep Participações (FUNDEPAR) e a Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (CODEMGE), tendo como apoiadores a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Associação Nacional de Empresas de Biotecnologia (ANBIOTEC) e o projeto CSul - Desenvolvimento Urbano.

*Com informações da Agência Brasil